sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Pronta para o Baile


Performance de Lia Jupter

Mulher, 35 anos, brasileira, classe média, 2014. Se a mídia e as artes sufocam com imagens e descrições do que seria o gênero feminino, como escapar às definições sócio-culturais do que a define? Mãe, bela, princesa, doce, delicada, meiga, servil, carinhosa, são apenas alguns dos adjetivos emprestados (e exigidos) ainda das mulheres: estereótipos condensados. Mas quase nunca senhoras de suas imagens e corpos, ainda como reféns de um sistema que lhes prega 'como ser'. Com o corpo liberto(?) pelas ondas anteriores do feminismo, a mulher ainda sofre ao decidir o que fazer dele e como enxergá-lo. O corpo na contemporaneidade é o próprio produto consumido pelo capitalismo pós-industrial: o corpo se consome, a si próprio, para ter maior valor. Adereços, alterações de imagem em Photoshop, intervenções estéticas, valoram um corpo que, por si só, não é legitimado pela sociedade. A menos valia da mulher deve ser modificada: o corpo transmuta-se em outro para ser valorizado. Para a mulher não é permitido ser feia, nem velha: se a ciência pode evitar a inexorabilidade do tempo ou corrigir algo que não é julgado adequado, que se utilizem de todos o s recursos disponíveis; o corpo, subproduto de uma era fármaco-pornográfica, agora pode se exibir eimiscuir-se na multidão dos iguais, de todos os outros transformados. E com isso, seria a própria mulher responsável pela violência que a aflige?

Ficha Técnica:

Lia Jupter - performer;
Fernando Timba - vídeo-artista


Crédito Foto: Stela Fischer

Crédito Foto: Stela Fischer